Filtro de Daltonismo

Etec Carlos de Campos

Fachada da Etec Carlos de Campos

Fachada da Etec Carlos de Campos

Criada em 28 de Setembro de 1911, sob o decreto 2118B, a Escola Profissional Feminina foi copiada nos moldes das escolas profissionais da Argentina, e tinha como objetivo ministrar a aprendizagem de artes e ofícios, puericultura e prendas manuais a mulheres provenientes das classes operárias. Com a implantação de escolas profissionais, o Governo visava contribuir para a qualificação de mão de obra, atendendo às necessidades do setor fabril, tornando o operário brasileiro competitivo com o estrangeiro e educando o novo trabalhador; com ordem, disciplina, devoção ao trabalho e elevado espírito patriótico; o oposto do trabalhador imigrante, influenciado por ideias libertárias e anarquistas.

De acordo com os Anuários de Ensino do Estado de São Paulo, a Escola Profissional Feminina tinha, nos primeiros anos, um número limitado de funcionários: o diretor e seu assistente, um zelador, 3 serventes e um grupo de docentes formado por 5 professores e 5 auxiliares de oficina. Por meio dos registros no Livro de Pronto Pagamento, na Ata de Inauguração Oficial da Escola e no Livro de Visitas podemos observar o rigor com que eram tratados assuntos como, por exemplo, a disciplina das alunas, as atribuições das professoras, a dedicação ao trabalho e à Pátria. Era prerrogativa do Diretor, autoridade máxima dentro da escola, a definição dos primeiros regulamentos disciplinares e das normas de funcionamento da instituição.

No início, as alunas recebiam aulas teóricas de Português, Aritmética, Geografia e Desenho Geométrico, entre outras disciplinas, e participavam das atividades práticas nas oficinas. A mais procurada era a de Confecção, que fornecia aprendizagem geral de costura, seguida pela de Rendas e Bordados e de Flores e Chapéus.

Os cursos eram destinados a meninas maiores de 12 anos, que possuíssem o diploma do grupo escolar ou conhecimentos equivalentes. Conforme indica a documentação da época, a maioria das alunas provinha das classes trabalhadoras e era constituída por filhas de imigrantes, principalmente italianos.

O corpo docente, formado por professoras primárias, mestras e auxiliares, era contratado temporariamente pela Secretaria dos Negócios do Interior e compunha-se, frequentemente, de senhoras da alta sociedade paulistana, que dominavam certas artes e ofícios para os quais a escola oferecia habilitação.

Até 1930 não existiam professores formados especialmente para ministrar aulas nas escolas profissionais. Em 1931, foi implantado o primeiro Curso Normal na Escola Profissional Feminina, com o objetivo de formar professores para o magistério profissional feminino. As alunas matriculadas eram, geralmente, as que tinham obtido melhor desempenho no curso profissional.

A Escola Profissional Feminina instalou-se, em primeiro lugar, num antigo sobrado na Rua Monsenhor de Andrade, já demolido, onde anteriormente funcionava o Colégio Azevedo Soares. Foi escolhido, este antigo prédio no Brás devido à esta região ser formada por imigrantes vindos da Europa, com suas ideias anarquistas, combatidas pelo governo à época. Portanto, preparar a mulher, significava atuar junto às verdadeiras responsáveis pela família, pela sua formação, educação e alimentação. Por este motivo, optou-se além das artes e ofícios, pela economia doméstica e puericultura; obrigatória para todas as profissões.

No início da década de 1920 deixou de interessar às alunas ingressantes na Escola uma educação voltada para a mulher dona de casa e mãe de família. As moças que ingressavam vinham das camadas do proletariado e preferiam buscar habilitações como corte e confecção, rendas e bordados, roupas brancas, chapéus e flores que além de garantir habilitação, garantiam também, uma remuneração. A sociedade entrava num processo de industrialização e o papel da mulher na sociedade começava a se modificar.

Em meados da década de 20, o edifício adquirido em 1911 e considerado adequado à época, passou a sofrer críticas de diversos segmentos da sociedade, o que levou o Governo do Estado a construir um novo prédio para a escola, de acordo com os preceitos de higiene, harmonia e beleza. Em 1930, foi entregue a primeira etapa da construção, sendo que a segunda nunca foi concluída.

A ETE Carlos de Campos funciona, até hoje, no mesmo endereço, no edifício construído nos anos 30 e em uma outra ala, construída mais recentemente.
Com o tempo, os cursos foram sendo desdobrados, acompanhando as alterações na estrutura e na legislação do ensino profissional. Atendendo às demandas da sociedade, a Escola Profissional Feminina passou por várias transformações, mudou o seu nome muitas vezes e ofereceu várias modalidades de ensino e de cursos. Deixou de ser uma escola essencialmente feminina e passou a atender alunos de ambos os sexos.

Enquanto escola feminina, ela ofereceu, em diferentes momentos, os seguintes cursos: Vocacional; Educação Doméstica; Aperfeiçoamento para Mestras; Formação de Mestras em Educação Doméstica; Dietética para Donas de Casa e Auxiliares em Alimentação; Dietética; Dietética Profissional; Confecções; Bordados; Roupas Brancas; Desenho e Pinturas; Economia Doméstica; Prendas Manuais.

A partir dos anos setenta, organizou novos cursos, mais voltados para as exigências da cidade, transformada em grande centro de produção industrial: Desenho de Comunicação; Decoração; Enfermagem; Nutrição e Dietética.

A Escola já se chamou: Escola Profissional Feminina (1911), Escola Normal Feminina de Artes e Ofícios (1931), Instituto Profissional Feminino (1933), Escola Industrial Carlos de Campos (1945), Escola Técnica Carlos de Campos (1952), Colégio de Economia Doméstica e Artes Aplicadas Estadual Carlos de Campos (1962), Centro Estadual Interescolar Carlos de Campos (1979), Escola Técnica de Segundo Grau Carlos de Campos e, Escola Técnica Estadual (ETE) Carlos de Campos (1994), quando foi incorporada à rede de ensino do Centro Paula Souza. Hoje em dia a sigla ETE é ETEC.

Atualmente a escola oferece vários cursos: Ensino Médio Integrado ao Técnico (Design de Interiores, Design Gráfico, Edificações, Gastronomia, Nutrição e Dietética e Modelagem do Vestuário) e cursos técnicos: Design de Interiores, Design Gráfico, Edificações, Gastronomia; Enfermagem, Marketing (classe descentralizada), Modelagem de Vestuário, Nutrição e Dietética, Recursos Humanos (classe descentralizada) e Agenciamento de Viagens (classe descentralizada).

São 1.692 alunos na unidade sede e na classe descentralizada, distribuídos nos vários cursos e usufruindo de um ensino tradicional e com muita qualidade.

Diretores e seus respectivos mandatos (últimos 40 anos):

Eliane Aparecida Andreolli – 1993 a 1995
Orlando Campos – 1995
Maria Margareth Campos Nogueira – 1996 a 1997
Maria Lucia Carvalho Pereira – 1998 a julho de 2004
Nilton Cesar Alves – julho de 2004 a setembro de 2011
Denise Carrega Leite – (Pró Tempore) – outubro de 2011 a julho de 2012
Lucimeire Gonzaga de Oliveira – julho de 2012 a dezembro de 2020
Silas Junio Azor Puerta – janeiro 2021 a janeiro de 2024
Cláudio Aparecido Sant Ana – fevereiro de 2024 (atual)